Acordei cedo, desperto e disposto.
Quem me conhece de perto sabe que esta frase é totalmente
inadequada a mim, pois costumo entrar na madrugada forçando uma insônia, que
cultivei desde criança como tradição de família.
Saboreei um verdadeiro breakfast: Café puro, ovos quentes e pão
com manteiga e mel, quase bíblico. Logo em seguida li em minha bíblia no computador
trechos de Isaías 58 que fala da "Observância devida do jejum”, um dos textos
mais desafiadores à prática da misericórdia e transformação social pela adequação
ao Reino de Deus que já li. Sempre me surpreende.
Acho graça na inconsistência de um lauto café da manhã acompanhado de uma leitura bíblica sobre jejum. Da próxima vez deveria inverter a ordem, pensei.
Acho graça na inconsistência de um lauto café da manhã acompanhado de uma leitura bíblica sobre jejum. Da próxima vez deveria inverter a ordem, pensei.
A manhã foi produtiva.
Pelo telefone, entre leituras sobre a primeira Guerra
Mundial: “Canhões de Agosto” – Pulitzer em 1963; técnicas sobre a “arte da
Narrativa Bíblica”, e as mídias sociais eletrônicas, coloquei-me em dia com os “memes”,
repercussões políticas e desenvolvimento epidemiológico, além dos sites/circo
dos horrores chamados Gospelprime e Fuxicogospel. (#ninguemmerece)
Tuitei o que achava relevante, parabenizei os
aniversariantes do dia e orei por vários assuntos que afligiam minha alma, dos
meus amigos e ovelhas, além de agradecer por coisas que me fizeram bem ao
coração.
A caminhada planejada de 3 km até a terapeuta foi
interrompida por uma chuva leve e irritante que me propiciou conhecer e
conversar com um taxista temente a Deus e de simpatia contagiante.
Estava tão animado que tenho a impressão de que minha
psicóloga me achou meio histérico, mas me incentivou a continuar nesse caminho.
Veremos na próxima consulta.
Almocei bem e para completar a manhã às 13h revi um casal
querido que tive o privilégio de casar e ganhei um abraço de um garoto loirinho
com cara de anjo que nunca quis me abraçar e um papo divertido com uma garota
de prodígio de 7(?) anos dessas que desconcertam a gente e consertam a fé no futuro da humanidade.
Depois, confesso que a sesta de uma hora e poucos foi
revigorante.
Sai para o que eu achava ser a tarefa mais difícil do dia:
uma conversa necessária com um amigo necessário que eu não gostaria de ter, mas
precisava.
Aí a chuva leve da manhã se transformou em tempestade. Saí
de casa as 16h para um lanche às 17h30 em rumo a uma cidade caótica e inundada
por uma ponte quase sem visibilidade de 13 Km e 40 minutos previstos de
travessia.
Ao estacionar em uma vaga milagrosa no Catete, presenciei um
ataque de fúria de uma mulher molhada como um “pinto na chuva” com direito a palavrões
muito comuns na cidade maravilhosa.
Saí achando que era comigo, mas como não fui
atacado fisicamente imaginei que era com o preenchimento da vaga e com o meu
carro.
A Conversa no restante
A conversa com lágrimas e abraços, mas muito mais riso e
carinho do que esperava. Teve até fofoca, pela qual pedi perdão na madrugada insone.
Meu próximo compromisso seria no Meier, no Seminário
Presbiteriano para assistir a aula inaugural. Não conseguiria chegar, conforme o
rádio me alertou e me aconselhou voltar para casa, pois os alagamentos e
congestionamentos estavam todos contra minha agenda.
Antes de entrar no carro e pagar pelo “serviço” de quem
cuidou dele pude conversar com a agente do estacionamento urbano que, sem
saber que sou pastor, abriu seu coração cheio de angústias e me deu a
oportunidade de orar por uma família que pode aparecer em minha igreja no
próximo domingo, conforme prometeu.
Enfim, como diriam Simon & Garfunkel
“Homeward bound
I wish I was
Homeward bound
Home where my thought's escaping
Home where my music's playing
Home where my love lies waiting
Silently for me “
Mal sabia eu o que ainda me reservava o dia inesquecível!
O Waze me avisou que levaria quase 2 horas para o almejado
destino: voltar para casa.
Liguei o rádio e só havia “Voz do Brasil” e futebol.
Silenciei-o e fiquei conversando com a simpática moça do GPS enquanto atendia suas
ordens por uma estranha nova rota que passava por mundos desconhecidos no Rio de
Janeiro, com a promessa de evitar alagamentos, trânsito intenso e realizar o
caminho mais curto. Crente acredita!
Eu acreditei...
Passei por 3 blitzes onde jovens sem uniforme, em chinelos de dedo, mas armados. Permitiam
a minha passagem assim que eu acendia as luzes internas e eles viam a minha
cara de não viciado, nem de alguém interessado em seu ganha-pão.
Talvez tenham me
deixado passar por causa de meu sorriso nervoso. Foi uma excursão na boca da
noite, por bocas que nunca imaginei, mas qu me levaram à "Francisco Bicalho" e dali
para a ponte foi apenas uma hora!
Combustível
No meio da ponte, o carro me avisou que meu combustível
estava na reserva e me alegrei por pensar que no posto, poderia tomar um bom
café quente para me manter acordado ao volante por mais meia hora.
Que café delicioso!
Quando voltei ao carro uma plêiade de motoristas irritados me fuzilavam com os olhos e "os dedos", pois meu carro estava atrapalhando a
passagem dos apressados com carrões.
Pedi desculpas, ajeitei meu carro, e ouvi mais uma vez
naquele dia uma atualização lexicográfica das palavras de baixo calão mais
usadas no Rio de Janeiro e outras menos frequentes, afinal, lexicografia, gramática
e expressões literárias são uma paixão nos meus estudos...
Sai daí abastecido de gasolina, GNV e cafeína (um de meus
únicos vícios).
Emfim, sós...
Cheguei em casa. Lar doce lar. E o beijo ansiado durante o dia
todo de uma Bia cansada, mas feliz por me ver.
À sua pergunta, resumi o que contei aqui. Rimos muito!
Talvez porque ainda estejamos anestesiados por 3 semanas de férias revigorantes.
Bem.
Meu dia inesquecível passou para o amanhã, pois minha insônia me empurrou até as 5h00 da madrugada e agora o sono chegou depois de
ler este textão.
Perdoe-me se lhe causei o mesmo.
Bom dia! Que ele seja
inesquecível.
Ah! Meu smartwatch informou-me que andei 8.901 passos.
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