Geosmina e o cheiro da chuva em terra molhada


A Geosmina, o composto orgânico produzida por uma bactéria de nome esquisito (Streptomyces coelicolor) foi eleita, segundo as autoridades e os diretores da CEDAE no Rio de Janeiro, é a grande responsável, quem diria, por um cheiro considerado de preferência universal para o olfato humano, para os insetos e pasmem, até para os camelos no deserto: O tão conhecido cheiro de terra molhada antes da chuva ou de grama molhada.
Não é este um de seus cheiros preferidos?

Para mim só perde para o cheiro de café sendo torrado...
Pois é. Fui pesquisar por duas razões. O nome Geosmina cheirou-me (Perdoem o trocadilho) de origem grega e um professor de grego não resiste a temas de etimologia e origem das palavras. Segundo, imaginei que muitos brasileiros talvez resolvessem colocar o nome de Geosmina em seus filhos nascidos nesta época dada a habilidade do nosso povo simples de perceber a poesia das coisas, as vezes as mais esdrúxulas. Ainda sobra margem para o simpático apelido de “Geo”.
Pois bem. Geo- terra em grego e osmé – aroma agradável formam a palavra Geosmina justamente pela característica desta substância produzida por bactérias presentes na terra e em quase tudo o que é verde, como as algas que proliferam em “Rios Guandus” poluídos e cheios de esgoto.
A sua produção é necessária para a sobrevivência da bactéria e a sua proliferação (Veja referências ao fim). A Palavra “Osmé” é usada na Bíblia para indicar aroma agradável, proveniente da presença de Deus. Também era usada para desrever o cehiro de flores e perfumes lançados ao ar no Triunfo de Generais Romanos quando voltavam vitoriosos.
Há uma teoria (Não consegui achar o artigo) que diz que este cheiro ajuda os camelos no deserto a descobrir água potável nos oásis dos desertos.
Água potável! Quanta ironia...
Isso quer dizer que, segundo os responsáveis pela pureza da água no Rio de Janeiro, essa maravilha da natureza, personagem de poemas, responsável pelas lembranças do sítio da vovó e das tardes de chuva de nossa infância e que nos faz querer fugir para a natureza e talvez pela inspiração inconsciente de Zé Rodrix ao compor “Eu quero uma casa no campo) foi a responsável pelo cheiro fétido e gosto de terra que aterrorizou (Trocadilho, de novo) o Rio de Janeiro no Verão de 2019/20?

Sim, meu caro leitor. Fiz questão de trazer referências de pesquisa pois achei que duvidariam do que estou falando.
Aroma da terra, cheiro de chuva, cheiro de terra molha tornou a nossa água de beber e lavar e limpar impotável!
É o que acontece quando a incompetência, apadrinhamento político, descaso com a “coisa pública” e desrespeito à natureza tomam conta de uma cidade, de um estado ou de uma nação. Quando a ciência é substituída pela crendice. Quando a natureza é desrespeitada, maltratada e instrumentalizada para interesses escusos...
Até as maravilhas e milagres de Deus cheiram mal e apodrecem nossa maior fonte de vida, a água.
Que saudade do cheiro de grama molhada do sítio de minha avó...
Lá tinha cheiro bom de café torrando, grama molhada e água cristalina pra beber sem cor, nem cheiro, nem gosto.




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