A verdadeira alegria


Em verdade, em verdade eu vos digo que chorareis e vos lamentareis, e o mundo se alegrará, vós ficareis tristes, mas a vossa tristeza se converterá em alegria. João 16:20.
O carnaval do Rio de Janeiro é conhecido como a maior festa popular do mundo! Muitos vêm ao Brasil em busca da alegria contagiante do povo brasileiro nestes dias. E não é apenas no Rio de Janeiro que se encontram os focos deste interesse nacional e internacional. Cada estado brasileiro, cada cidade ou a maioria delas e muitos bairros têm escolas de samba, blocos de rua, trios elétricos e a diversidade cultural e criatividade que caracterizam o nosso povo.
É interessante que o Carnaval, como ele veio a ser conhecido no Ocidente, surgiu como um escape a um preceito religioso que convidava os fiéis à tristeza, arrependimento e jejum. Suas origens remontam, talvez, à Idade média. O povo em geral ainda trazia na memória coletiva os antigos ritos de fertilidade e as festas romanas e gregas dedicadas aos deuses do vinho e aos deuses das colheitas ou fertilidade, como Baco, Dionísio, Isis e outros. A igreja cristã impunha a partir de 40 dias antes da Páscoa um período de mortificação e preparação para as solenidades que lembravam a morte e ressurreição de Cristo. Este período se chamava quaresma. Eram 40 dias de jejum de carne, diversão, sexo (mesmo para os casados) e bebidas alcoólicas para que, durante a “semana santa”, o povo estivesse contrito e santificado para as “procissões do Senhor morto”, a “via crucis” e a “sexta-feira santa”.
Por volta do ano 500 d.C. o período que antecedia a quaresma foi admitido pela igreja Católica Romana como um período de licença para comer muita carne, beber bebidas alcoólicas, teatros e outras diversões que seriam proibidos nos próximos 40 dias. A quaresma começa oficialmente com a quarta-feira de cinzas onde os fieis arrependidos começavam a penitência com a colocação de cinzas na testa em formato de cruz pelos sacerdotes. Mais tarde, em Portugal, este período ganhou o nome de “Entrudo” por ser o período de entrada da quaresma e depois das guerras napoleônicas, como um chiste em relação a Napoleão que era natural da Córsega e devastou a Europa, havia um desfile chamado de “O corso”, origem talvez dos nossos desfiles de Carnaval.
É possível que muito da alegria deste período de Carnaval seja uma emoção genuína natural em quem se envolve numa festa popular, com músicas e brincadeiras. Porém, é certo que a maior parte da alegria nesta época é produzida artificialmente com bebidas e drogas, promiscuidade, abusos e sadismos que deixam uma alegria passageira e muitas vezes desastrosa na própria vida e na dos outros. Os crimes aumentam, os acidentes por imprudência e bebidas também. Aparecem aqueles que só conseguem alegria através da tristeza de outros. As apurações de concursos carnavalescos, ás vezes, terminam em brigas e muita tristeza de quem se sentiu injustiçado.
É possível obter alegria com diversão e festas? Creio que sim.
Mas não se pode garantir que esta alegria seja permanente ou que dure mais do que o tempo do divertimento. Aliás, é saudável deixar de se preocupar com nossas angústias por algum tempo, quando nos divertimos ou até para que percebamos que as coisas talvez não sejam tão graves assim. Mas, fugir dos problemas embriagando-se com uma alegria falsa e passageira é muito perigoso e pode nos levar a grandes arrependimentos.
Deus quer que aprendamos a desenvolver uma alegria que não seja apenas circunstancial. Alegria que seja proveniente de um relacionamento sadio com Deus, com as pessoas e com as coisas ao nosso redor.
A verdadeira alegria pode até admitir lágrimas e momentos de tristeza, mas de sua raiz profundamente arraigada em nosso coração sempre brotará uma nova flor que renovará nosso estado de espírito. A verdadeira alegria faz parte daquilo que o apóstolo Paulo chama de “o fruto do Espírito” em Gálatas 5:22-23 “ Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade,  mansidão, domínio próprio.
Note como estas virtudes estão entrelaçadas e podem produzir uma alegria que não dure apenas três dias e custe um ano inteiro de tristezas e decepções. A verdadeira alegria vem de Deus e é plantada bem fundo no coração daquele que descobre o caminho do fruto do Espírito. Jesus Cristo pode nos guiar neste caminho e nos ajudar a encontrar a verdadeira alegria.
Espero que esta seja a alegria que habita o seu coração!

Comentários